À gravidade derrubo honras
por nos quedar esta chuva
que traz a novidade do ar.
Por nos lembrar quê cheiro
tem a altura das nuvens:
o aroma molhado dos anjos quietos,
o sonho altivo dos anjos quedados.
Querubim
imponderável leveza
derrama encharques ao solo
enche rios
transita a órbita
atinge o peso
à ti atrai.
Grave
adiciona idades à terra
corre àguas pro fundo.
Aproxime o céu do mundo.
Decante profundo e aleve por ascese sempre assim.
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
quarta-feira, 18 de setembro de 2013
Ocupa veredas
domingo, 15 de setembro de 2013
Sobre a arte de escrever do cume calmo
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BASTA SER SINCERO E DESEJAR PROFUNDOraul seixas |
Escrevem porque são inspirados. Devido ao seu instrumento físico, à sua pureza de vida, à sua sinceridade de objetivos, à sua devoção à humanidade e ao próprio karma do serviço, desenvolveram a capacidade de tocar às fontes superiores das quais flui a verdade pura, ou verdade simbólica. Podem captar correntes de pensamento que foram movimentadas por aquele grande grupo de Contempladores ou aquelas correntes de pensamento definidas, especializadas, originadas de uma das grandes equipes de instrutores. Seus cérebros, sendo transmissores receptivos, os capacitam a expressar no papel estes pensamentos com os quais entram em contato - a nitidez da transmissão dependendo da receptividade do instrumento, isto é, a mente e o cérebro do transmissor. Nestes casos, a forma das palavras e das frases é deixada grandemente ao escritor. Por isso, o apropriado dos termos usados e a correção da fraseologia dependerão do seu equipamento mental, de seus recursos educacionais, da extensão do seu vocabulário e de sua capacidade intrínseca para compreender a natureza e a qualidade dos pensamentos e ideias transmitidas." Alice Bailey
BEBA, POIS A ÁGUA VIVA AINDA ESTÁ NA FONTE! raul seixas
sábado, 14 de setembro de 2013
Tecido
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O amor tece o dia seguinte.
O amor cresce e acorda o dia seguinte.
O amor desce para o amanhã.
Anoiteceu. Esse dia o amor teceu.
Se o amor tece a manhã será
(o dia seguinte)
e no dia seguinte o amor entrelaça os tenros fios da urdidura.
Trança a trama. Deita à cama. Dorme o sonho. O levanta.
(que)
Amanhã bem cedo o amor planta algodão.
O algodoeiro cresce e fornece o fino da flor,
o fio prá hora, o amor
o branco tinge
a estampa imprime
outro dia escrito acontecerá.
Sempre será luz o amor ser-vivo.
(para sempre terá a luz o amor, se vivo)
O amor servido fresco no começo da manhã amortece.
O amor tece e esclarece pelo elã de um elegante tecelão.
O amor desce.
Tece ternura na tecitura coronária e dá às mãos veias sobressalentes.
As mãos tramam sobretudo e ternos de bolsos largos.
As mãos entendem.
Guarnecem o primeiro de brilhos, o segundo de ornatos e os estende de presente pro dia que vai.
O amor então se veste como quem também se despe. Cai-lhe bem a tarde. Guarda a luz nos bolsos, carrega consigo o sol. Mostra a lua pro alento que vem. Sobre tudo cai o lilás e o rosa, o ouro, o azul marinho e o quase breu. O amor se despede ao som da ária do tecelão, repousa e amanhece um feixe de notas, combustíveis pro tear dos dias seguindo.
Todo dia é assim.
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
Esse modo abstruso de ser afim
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Img.: Vander Borges |
Tem quem escreva debruçado
sobre o concreto.
Tenho que escrever deitada
sobre nuvens.
Por escrever vapores
me disseram pra ser mais imagética.
- Mais carne viva.
- Mais víscera.
Eu hera.
Não posso ver sangue. Esse interno tão explícito.
Não sei. Sinto.
Gosto de orvalhos que ao toque do sol ganham o ar.
É absurdo esse modo abstruso. Sei.
Só que só
sei ser assim.
Sol!
Ser tão afim à um algo serafim.
Estender e alcançar - um sacro ofício.
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