quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Botânica

escrevia
poesia
quando uma folha 
por morrer
pela janela
veio à mim

não escrevi mais
uma folha a morrer
é tão melhor
que calo

não sou eu quem dirá o segredo
impresso na nervura de uma folha
mordida voando à decomposição

domingo, 14 de setembro de 2014

Porquanto o homem iça a vela

Vocês aí não sabem a causa dos mares tantos respeitarem estas largas faixas litorâneas, aquelas emergentes ilhas de luminâncias, algum veleiro mais toda a sorte de embarcação, aquele toco que boia, os corpos do naufrágio? 

Não será pois porque cintilam em seus ouvidos de concha côncava toda a míriade de poemas, odes, idílios, compostos e erguidos à tanta imensidão azul. Pois a palavra azul mora abissal mas quebra em branca onda quando encontra a reunião de areia ínfima que de tanta e junta é bege e a respeita desenhando o fronteiriço, margem continental. 

Vento e volta.
Jorge Gonzáles
Pois palavras mil em ordem e ritmo destinados nadam à teu horizonte longínquo, lá onde a vista alcança mas as mãos não. 
Talvez a voz sim. 
Porquanto o homem iça a vela.
Por isto estou cá e tú aí erguido e a palmeira ao alísio dance


... e talvez eis a explicação de tudo de tantos mares respeitarem estas largas faixas litorâneas, aquelas emergentes ilhas de luminâncias, algum veleiro mais toda a sorte da canoa, aquele troço que boia, os copos do naufrágio, a garrafa, o conter das baleias, o caber nas baías, a balela dos piratas, a única verdade audível, o invisível que há

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O astronauta e a abóboda

o teu sorriso aberto
uma folha em branco
ainda mais branca sob a luz
aí reflete a idéia de teus braços
também abertos.

teimo em viver
esse sol sentido cá da terra - tão quentinho
eu cá
pequenino
em meu cantinho 
querendo ver deus ou anjo

mas ainda vejo poucas cores
e muitas borboletas
que dizem diretamente à alma
que quardam, não secretamente
a potência de erguer-se ao solo e sobrevoar
sobre ver
e volver à nascer cá
planeta monolunar dentre as mais belas esferas