Histórias de vênus, vacas e formigas ouvi dizer:
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À deus peço nada que tudo tá já concebido. |
A vaca por nós passou, na estrada que corta a floresta dos macacos. Passa vida, passa ela, rebolaaaaando sua paridez eliptical de um bezerro, numa desenvoltura corporal de desventura celestial, subindo a ladeira que é chão que levanta. Prosseguir é algo que sou e rememoro. Reminiscênte confiança, mesmo que (ainda) um olho meu humano desconfie.
(Re)Torno à vaca, à confiança.
Do sapo escuto sapiência.
Do rio das bananeiras vejo um fluir de (v) ir que sorri, assim.
Sabemos que para que
uma
formiga vire algo maior deve deixar de ser formiga. Pisei numa, ao acaso.
Aos olhos infantis freiras são meras fantasias de alguém que vai ser muito feliz dançando o carvaval. Crianças já nascem esperança. Assim vejamos, sempre. Sempre vacas livres, transeuntes das estradas que servem de travessuras aos macacos e travessias para o caminhar. Detesto a palavra fronteira. Por hoje vi um homem morto, ontem
*
Vi a vaca e
A vaca viu-me.
Vi detalhadamente a vaca.
Do rabo, às pintas, olho no olho e a lingua...
Não sei o que a vaca viu de mim.
Vaca não fala, mas tosse sim!
Foi sem pensar que senti vontade de respirar vacamente, relax. Abri o (c)por(a)t(ç)ão e adentrei seu espaço sagrado de grande animal (podia ser uma sombra qualquer, mas nesse momento era árvore de jamelão, pintura roxa para a língua). À vontade, em distraído eStar, encostei minha face em sua barriga de manchas num respirante vem-vai. Ali repousei.
Nem sei por quanto tempo. Nem era eu.
Era vento. Era quente. Era feito do mesmo material que a gente.
Era a paz o acorde cosmonauta.
* Depois disso:
Pensar no que estou fazendo fica impossível quando todo o desejo de ação está destinado a seguir o rastro do sorriso que ficou. As marcas que têm o canto dos olhos que melhoraram meu ver. Ser eu, agora, é ser você, separado e associado. Ligado.
A palavra Eu modificada permanece original** (enquanto) eu estou ligado à você*** que é quando eu
Penso no que estou fazendo, desejo o que se estou fazendo e realmente faço o que está se fazendo. Presença e presente! Traga já a tua ausência pra perto da minha essência. Só assim terá existência: o amor.
Pensar
no que estou fazendo só é possível quando todo o desejo de ação está desocupado de seguir o rastro dos sorrisos que dera. Ficou a marca no canto dos
olhos que melhoraram os meus. Ser eu, agora, é ser você separado. Palavra eu modificada, original, ligada à palavra você enquanto eu pensar que sim. Sonho vou sempre ser, projeto. Lá vou eu atrás de você com muito amor na frente e luz no teto. Com o
Coração atrevido, as pernas de curioso
Os olhos de bem-te-vi e o ouvido de boi manhoso
No
caminho vou convivendo com adversidades.
Com as vacas
vou cruzando e delas vou melhor corporificando a associação integral.
A runa
sorteada foi Gebo (uma dádiva). Ainda vou me beliscar pra crer e ver.
Afinal, tudo pode acontecer.
Deixa a vida acontecer.
O mundo não precisa nem
saber***.
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Escrito no dia da passagem de vênus entre o sol e a terra e continuado. |
* Com livre inclusão, citação de:
*Oscar Quiroga | ** José Paes Lira | *** Arnaldo Antunes | **** Renato Teixeira