segunda-feira, 18 de junho de 2012

Não tenho medo, tenho amor

Acabo de ver o filme
Belo Monte, anúncio de uma guerra
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Choro muitíssimo, porque sou mulher, feita 90% do mesmo material que os rios e por isso desaguo antes de guerrear. Acho absurdo que enquanto me preocupo em salvar uma abelha que se afoga em meu copo de suco, dezenas de sei lá por qual nome chamar se ocupam com a extinção da vida e sua consequente perpetuação de sofrimentos.

Desculpem, detesto a ira e acredito mesmo que lutar contra um mostro dá-me grande chance de grande mostro me tornar. Por isso antes de minha seta afiar rogo, rezo, grito meu mais alto berro, ajoelho, olho pro céu, peço esclarecimento. Socorro! Certeza que o divino precisa interceder. E que a gente vai merecer.

Não dá mais pra ficar repetindo caso antigo, não vês as ruínas de tudo que já faliu? Estou imensamente chateada. Não sei o que faço. Lavar a louça ficou ridículo. Só choro depois disso. É que dentro de mim passa um rio e toda a liberdade que nada nele. Neles. Seja Xingu ou São Francisco. São minhas veias. Somos todos isto. Mas meu dinheiro não é esse, não como peixe podre nem quero a sua energia suja. Já fui pescador, porra! Já fui índio, merda! Não aguento mais guerrear. Que não seja preciso. Se for... Não tenho medo, tenho amor.

Fotos de Renata Marangoni


Parem 
Por favor 
Por deus
Por nós
Por tudo
Por vocês

Que assim seja. Assim será.

Oxalá amém.

Para ver o filme:
www.belomonteofilme.org/portal/br


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