Escrever.
De repente
rompe-se
a solidão.
Quem
vem?
Quem
me acompanha?
Fique
aqui comigo
você
que manda e se manda...
Um galo cantou no escuro
um
eco tecendo
Eu
também canto e costuro
palavras
entretecendo
noves
fora nada.
Hoje.
Hoje.
Eu
não passo daqui.
Memórias.
Mariposas.
Murmúrios.
Hoje sonhei
que dormia
um
sono profundo
um
sonho sem som
sem
luz sem eu.
Era
a sensação de uma morte costumeira
ou
era uma vez uma vida inteira.
Saturo de sonhos
Saturo de sonhos
sentidos
mitos
interpretações,
miragens, milagres, acasos
ilusões
labirintos.
Quero a coisa que tem nome
Quero a coisa que tem nome
como
o céu e azul
e
superficial.
Pode
amanhecer, pode escurecer
podem
brilhar as luzes do sol
o
céu e azul e só.
Quero a poesia concreta
Quero a poesia concreta
—
não aquela.
A
poesia da
poesia q soa
poesia q sibila
poesia.
Deus é o limite.
Deus é o limite.
—
Fale, Deus, fala!
Mas
Deus não são eus
e
não escuta poesia
só
quer saber se eu
estou
com tudo e o todo em dia.
Oh Deus salve o oratório e a oratória
Oh Deus salve o oratório e a oratória
Deus
salve a glória e a gloríola
e
a corruptela da palavra vazia
que
é dela o reino dessa terra
por
onde perambula esse rêi
com
acento circunflexo.
De repente Deus responde:
De repente Deus responde:
"Que queres tu, Zezinho
que
queres que eu te conte?
Que
tu viajas num barquinho
sobre
a linha do horizonte
equilibrando-se
ali sozinho
sem ter porquê nem por onde
sem ter porquê nem por onde
com
medo de um redemoinho
que
está fora do meu controle?
Ora!
Tu perfazes o caminho
devaneio viandante
devaneio viandante
entre
o nascimento e a morte
colhendo
rosas e espinhos
conforme a natureza da sorte
conforme a natureza da sorte
—que
novidade há nisso, menino?
Invocas
um avalista do meu porte
pra
recordar-te que o destino
rege
a instância dos homens?
Não
perscrutes o divino...
Agora me ouve
Agora me ouve
chega
aqui pertinho:
tua
luta não me ilude
tu
queres é o carinho
e
buscas na fria plenitude
o
que tens de sobra no teu ninho.
Tudo em inho, tudo em e.
Tudo em inho, tudo em e.
É
fácil escrever
como
vaga o vaga-lume
como
louva o louva-a-deus
dá
na mesma...
–
dá nada!
Danada é minha filha
Danada é minha filha
que
me disse uma vez:
nem
tudo vai ser
quando
eu crescer
e o filho dizendo que
antigamente ninguém nascia...
antigamente ninguém nascia...
Filhos pequenos
isto é um poema
isto é um poema
fruta-pão
que
eu lhes dou
de
todo ocoração.
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