Quando
pescadores
não
podem
sair
ao
mar,
reparam
suas
redes.
imagem: Aimée Stewart
quinta-feira, 25 de abril de 2013
sábado, 20 de abril de 2013
sexta-feira, 19 de abril de 2013
Aceito doações
(Não irei pôr lenha nesta fogueira. Quero mais que se extingua. Fique só cinza. Com vento voe e adube.)
Na minha impotência poderosa dou crédito à capacidade nata-onisciente e em sobrevoo vejo milhares de humanos inseridos com naturalidade no seio natural. Na frente das lentes de Sebastião já não ostentam tigres mortos, mas os montam e assim passeiam porque foi com isto que sonharam em suas mortes anteriores.
Toda alta tecnologia designa semióticas das imagens de lá de fora agora aqui e dentro de milhares de monitores. Hoje, dia de índio, de exército e de logum-ede (menino deus das alegrias); uma feliz coincidência traz trégua e permite a brincadeira. Fácil sorrir. Que o nado em rios límpidos, que o vôo em puros ares, que o correr livre dos prados sejam atos cotidianos. Rotina no futuro, como antigamente. E esta não precisa ser um direito imposto ou protegido por leis outorgadas. Vale por ser a natural, aquela que brota junto de cada novo ser. Por mais moderno que seja seu aparato genético. Por mais tecnológica que seja a criação. Por mais longa que seja a contagem do tempo. Ninguém quer amanhã criar rios em laboratórios. Ou pagar muitas notas pra ser sócio no clube. Vou derramar terras, espalhar nelas árvores e lhe dar as sombras de sobras. Salubres. Com as quais sopras beijos de volta - esses desejos da boca e do coração são.
(imgs: Sebastião Salgado / Menote Cordeiro)
Na minha impotência poderosa dou crédito à capacidade nata-onisciente e em sobrevoo vejo milhares de humanos inseridos com naturalidade no seio natural. Na frente das lentes de Sebastião já não ostentam tigres mortos, mas os montam e assim passeiam porque foi com isto que sonharam em suas mortes anteriores.
Toda alta tecnologia designa semióticas das imagens de lá de fora agora aqui e dentro de milhares de monitores. Hoje, dia de índio, de exército e de logum-ede (menino deus das alegrias); uma feliz coincidência traz trégua e permite a brincadeira. Fácil sorrir. Que o nado em rios límpidos, que o vôo em puros ares, que o correr livre dos prados sejam atos cotidianos. Rotina no futuro, como antigamente. E esta não precisa ser um direito imposto ou protegido por leis outorgadas. Vale por ser a natural, aquela que brota junto de cada novo ser. Por mais moderno que seja seu aparato genético. Por mais tecnológica que seja a criação. Por mais longa que seja a contagem do tempo. Ninguém quer amanhã criar rios em laboratórios. Ou pagar muitas notas pra ser sócio no clube. Vou derramar terras, espalhar nelas árvores e lhe dar as sombras de sobras. Salubres. Com as quais sopras beijos de volta - esses desejos da boca e do coração são.
(imgs: Sebastião Salgado / Menote Cordeiro)
segunda-feira, 8 de abril de 2013
Ah a neblina
por favor queira não exalar de novo
não amorteça o dia hoje sob o sono
por favor não expulse, não force para fora
queira não abrir a boca, favor
não acreditar na flutuabilidade do ar
frustre o mais bem-intencionado desejo, a vez primeira
a mão que se oferece estendida
frustre o rosto aberto para o espanto
frustre a cintura vultuosa toda encanto
a luz matutina há tanto resguardada protegida
e o escrúpulo que queima em seu silêncio
meu corpo ainda úmido encontra o meio-dia
meu coração ainda morno chega à meia idade
vejo a neblina dispersar-se pelo sol em raios frágeis
meu passo pela vasta floresta de estátuas
a abrir um livro a que se apaga quase todo o impresso a confortar um sonho mínimo muito pequeno minúsculo
não amorteça o dia hoje sob o sono
por favor não expulse, não force para fora
queira não abrir a boca, favor
não acreditar na flutuabilidade do ar
frustre o mais bem-intencionado desejo, a vez primeira
a mão que se oferece estendida
frustre o rosto aberto para o espanto
frustre a cintura vultuosa toda encanto
a luz matutina há tanto resguardada protegida
e o escrúpulo que queima em seu silêncio
meu corpo ainda úmido encontra o meio-dia
meu coração ainda morno chega à meia idade
vejo a neblina dispersar-se pelo sol em raios frágeis
meu passo pela vasta floresta de estátuas
a abrir um livro a que se apaga quase todo o impresso a confortar um sonho mínimo muito pequeno minúsculo
POEMA DE XIAO KAIYU
Tradução de Ricardo Portugal e Tan Xiao
Ilustração Wés
Tradução de Ricardo Portugal e Tan Xiao
Ilustração Wés
Zona graciosa
saindo da Lua minguante em peixes
(...) Siga o impulso de suas idéias, atrás delas irá a energia vital para realizar a obra.
Além de seus impulsos particulares, há o impulso de Algo Maior que Vive através de sua vida.
Oscar Quiroga / entrando na Lua minguante em áries
"Quando o ponto se tornou a esfera, vemos que a esfera é afinal o ponto; cada ponto contém todas as coisas e sabe que é uno com todos os outros pontos. O exterior constitui afinal o reflexo do interior" - ANNIE BESANT
quinta-feira, 4 de abril de 2013
Herdo a terra
Eu não me sinto muito em casa
em qualquer lado do Atlântico.
Eu não estou irritada,
Eu não estou irritada,
os peixes guardaram-me.
Um lar faz você esquecer onde você está
a não ser que pense que gostaria de estar nalgum lugar
Eu não penso que eu gostaria de estar nalgum outro lugar.
a não ser que pense que gostaria de estar nalgum lugar
Eu não penso que eu gostaria de estar nalgum outro lugar.
Lugares são muito iguais
Eu estou nenhures
Eu estou de pé, firme numa folha líquida!
Tocada de todos os lados.
Eu estou nenhures
Eu estou de pé, firme numa folha líquida!
Tocada de todos os lados.
Trocar seu país não faz você crescer, não faz você mudar tanto que não se lembre.
Eu me lembro: coisas são muito iguais, tão iguais, diferenças são farpadas.
Eu experimento viver à distância, assistindo duma janela imóvel.
Nem totalmente aqui. Nem ali. Uma criatura com pulmoes e guelras.
Eu me lembro: coisas são muito iguais, tão iguais, diferenças são farpadas.
Eu experimento viver à distância, assistindo duma janela imóvel.
Nem totalmente aqui. Nem ali. Uma criatura com pulmoes e guelras.
Eu vivo em água rasa mas, quando chove, eu herdo a terra.
Rosmarie Waldrop
Rosmarie Waldrop
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