sexta-feira, 19 de abril de 2013

Aceito doações

(Não irei pôr lenha nesta fogueira. Quero mais que se extingua. Fique só cinza. Com vento voe e adube.)

Na minha impotência poderosa dou crédito à capacidade nata-onisciente e em sobrevoo vejo milhares de humanos inseridos com naturalidade no seio natural. Na frente das lentes de Sebastião já não ostentam tigres mortos, mas os montam e assim passeiam porque foi com isto que sonharam em suas mortes anteriores. 


Toda alta tecnologia designa semióticas das imagens de lá de fora agora aqui e dentro de milhares de monitores. Hoje, dia de índio, de exército e de logum-ede (menino deus das alegrias); uma feliz coincidência traz trégua e permite a brincadeira. Fácil sorrir. Que o nado em rios límpidos, que o vôo em puros ares, que o correr livre dos prados sejam atos cotidianos. Rotina no futuro, como antigamente. E esta não precisa ser um direito imposto ou protegido por leis outorgadas. Vale por ser a natural, aquela que brota junto de cada novo ser. Por mais moderno que seja seu aparato genético. Por mais tecnológica que seja a criação. Por mais longa que seja a contagem do tempo. Ninguém quer amanhã criar rios em laboratórios. Ou pagar muitas notas pra ser sócio no clube. Vou derramar terras, espalhar nelas árvores e lhe dar as sombras de sobras. Salubres. Com as quais sopras beijos de volta - esses desejos da boca e do coração são.

(imgs: Sebastião Salgado / Menote Cordeiro)

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