segunda-feira, 8 de abril de 2013

Ah a neblina

onde o topo da montanha? as casas? pessoas? 
por favor queira não exalar de novo   
não amorteça o dia hoje sob o sono
por favor não expulse, não force para fora
queira não abrir a boca, favor
não acreditar na flutuabilidade do ar

frustre o mais bem-intencionado desejo, a vez primeira 

a mão que se oferece estendida   
frustre o rosto aberto para o espanto
frustre a cintura vultuosa toda encanto  
 

a luz matutina há tanto resguardada protegida
e o escrúpulo que queima em seu silêncio

meu corpo ainda úmido encontra o meio-dia
meu coração ainda morno chega à meia idade
vejo a neblina dispersar-se pelo sol em raios frágeis
meu passo pela vasta floresta de estátuas
a abrir um livro a que se apaga quase todo o impresso a confortar um sonho mínimo muito pequeno minúsculo

POEMA DE XIAO KAIYU
Tradução de Ricardo Portugal e Tan Xiao

Ilustração Wés

Nenhum comentário:

Postar um comentário