A nova ortografia resolveu tirar o
acento da por mim tão estimada palavra vôo.
Em seu decreto, agora sublinham-na de vermelho, alertando-me o suposto erro.
Gostaria de perguntar ao Sr. Novo Ortográfico:
- Como é que alguém, em sã liberdade, consegue voar sem acento?
Não sabe ser esta acentuada acentuação sobre o primeiro dos ós a responsável pelo seu elevamento?
Ser de seu circunflexo estímulo? O impulso do ímpeto? A asa da palavra?
- Não revise meus vôos!
quinta-feira, 16 de maio de 2013
terça-feira, 14 de maio de 2013
Mergulho entrelinhas
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Foto de Victor Pacini - 25 anos depois do desastre nuclear de Chernobyl |
A escrita me salva
enquanto raios solares exercem função de rebentar novos
enquanto a vizinha rebola ao som da moda
e quando me perco no fútil eu passageiro do trem.
Entro no poema como um prisioneiro que sai do corpo
e quando livre posso fazer o bem que quiser das palavras
todo mundo é possível passível de se lambuzar fartura
todo mundo cruza junto a fronteira sem ser preciso aditivo
toda felicidade é comedida e sincera e só assim sou alegre:
salva pela escrita como o prisioneiro que passa pelo fresta
ou pelo vão.
Pelo sim, pelo pão, mergulho entre linhas.
sexta-feira, 3 de maio de 2013
Ápice
Pó é a palavra que a tua mão escreve,
pó é o verbo que a tua boca pronuncia.
Não há pena no destino.
E a noite de Deus é infinita.
Tua matéria é o tempo, o incessante tempo.
Jorge Luís Borges
pó é o verbo que a tua boca pronuncia.
Não há pena no destino.
E a noite de Deus é infinita.
Tua matéria é o tempo, o incessante tempo.
Jorge Luís Borges
quinta-feira, 2 de maio de 2013
há dias acompanho a lenta fiada de uma aranha que a uma quina da janela da sala tece coplas futurológicas
entendo minha irmã esse velho ressentimento diante do mutismo dos objetos
o mutismo dos objetos como ofensa pessoal
os objetos calados as pessoas matracando
os objetos calados meu cunhado matracando
“a poesia precisa ser assim a poesia precisa ser assado”
aqui se está bem mana não entendo porque você não separa desse cretino
isto não vai melhorar assim de uma hora para outra
é preciso dar tempo ao tempo às vezes nem a lua me parece suficientemente distante
acho que tudo será muito lento daqui para frente
muito lento meu irmão e trabalhoso
Ismar Tirelli Neto
entendo minha irmã esse velho ressentimento diante do mutismo dos objetos
o mutismo dos objetos como ofensa pessoal
os objetos calados as pessoas matracando
os objetos calados meu cunhado matracando
“a poesia precisa ser assim a poesia precisa ser assado”
aqui se está bem mana não entendo porque você não separa desse cretino
isto não vai melhorar assim de uma hora para outra
é preciso dar tempo ao tempo às vezes nem a lua me parece suficientemente distante
acho que tudo será muito lento daqui para frente
muito lento meu irmão e trabalhoso
Ismar Tirelli Neto
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