Amor é substância originária.
A palavra que há.
De resto o ilusório.
Que passa ou passará.
Amor passa não.
Finca-se no passageiro.
De passagem pela paisagem.
Amor que cobre o céu.
Raio que desce ao chão.
De pé, pisa o barro batido.
Alado, flutua a nuvem algodão.
Das coisas todas o amor
é a única que sempre foi
é
e será sempre.
O eterno é.
Nós, quem somos?
Pedi licença ao sonho pra no real trabalhar.
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
terça-feira, 26 de novembro de 2013
Barricada
Digo-te, mais, que o céu na terra existe: pouco, em verdade, pois é legião ainda a massa que se desbota a guardar-se para um dia - amanhã dos amanhãs...
Enquanto a manhã tarda, o que a multidão guarda frustra-se e fermenta e irrita o todo e a parte, e em vez de céu é inferno o que se tem: por toda a parte a guerra quente, a guerra fria ou a morna paz insustentável.
Ao contrário do gênio belicoso, que no frio descansa e se refaz, o deus leve do amor tende a ir-se embora para não mais...
Antes que ele de todos se vá de todo, tento por amor falar de amor:
- Amor, enxuga os olhos, abre a luz do teu sorrir e vamos, de mãos dadas, resistir!
Geir Campos / Metanáutica
Poeta amigo de Thiago de Mello, Piloto do navio Lloyd Brasileiro durante a Segunda Guerra e avô da Maíra.
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
FIO
Fio.
Aquilo que forma uma linha que é coisa fina, sutil, tênue, delicada.
Pode ser o corte de um instrumento, o gume ou a sorte da sucessão contínua das palavras com o que aranhas e bichos-da-seda tecem teias e casulos e nós poemas e meadas, mas não os mexericos.
Se achou-se em grande risco, antes que esteja por um triz, materialize a vertical com o fio de prumo e alinhe a alma à mente ao corpo e rente. Com o dental, remova a comida dentre os dentes ou deixe nuas as nádegas.
Um fio translúcido deixa passar a luz, sem permitir a nitidez dos objetos por sua espessura. Algo fosco. Se for diáfano, deixa-se atravessar pela luz dando à perceber o sentido oculto. Algo reluz.
Um fio que dê o infinito ao infinitesimal e que descenda (e ascenda) translúcidas transparências que no ajuste foco do qual dependa a solução do paradoxo que una em una fórmula o que ofusca e o que reluz. Algo luz.
Em silêncio enfio o fio do telefone no ouvido. Se o calo escuto. Seu som é bem baixo pois vem de muito longe do lato íntimo. Calado ele me disse que no futuro não serão precisas as palavras. Tudo vai estar na cor e o subjetivo exposto.
Tão posto como a mesa e o meio dia.
E antes que eu esqueça
fios de nylon são bons para pescar variedades.
E acabo de lembrar que
a vontade da alma utiliza um fio chamado sutratma.
Aquilo que forma uma linha que é coisa fina, sutil, tênue, delicada.
Pode ser o corte de um instrumento, o gume ou a sorte da sucessão contínua das palavras com o que aranhas e bichos-da-seda tecem teias e casulos e nós poemas e meadas, mas não os mexericos.
Se achou-se em grande risco, antes que esteja por um triz, materialize a vertical com o fio de prumo e alinhe a alma à mente ao corpo e rente. Com o dental, remova a comida dentre os dentes ou deixe nuas as nádegas.
Um fio translúcido deixa passar a luz, sem permitir a nitidez dos objetos por sua espessura. Algo fosco. Se for diáfano, deixa-se atravessar pela luz dando à perceber o sentido oculto. Algo reluz.
Um fio que dê o infinito ao infinitesimal e que descenda (e ascenda) translúcidas transparências que no ajuste foco do qual dependa a solução do paradoxo que una em una fórmula o que ofusca e o que reluz. Algo luz.
Em silêncio enfio o fio do telefone no ouvido. Se o calo escuto. Seu som é bem baixo pois vem de muito longe do lato íntimo. Calado ele me disse que no futuro não serão precisas as palavras. Tudo vai estar na cor e o subjetivo exposto.
Tão posto como a mesa e o meio dia.
E antes que eu esqueça
fios de nylon são bons para pescar variedades.
E acabo de lembrar que
a vontade da alma utiliza um fio chamado sutratma.
domingo, 17 de novembro de 2013
Sara mago
José Saramago - A viagem do Elefante
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
Asas ao povo
A natureza não conhece códigos morais
Nem os termos da constituição
Não nascemos brasileiros
Pergunte ao chão se ele sabe das fronteiras
Ou ao mar se ele conhece os limites
Não vim inscrito nas instituições nacionais
Nem você
Tanto se faz dinheiro
As mãos fazem plantas à tona
Não nasci membro do sistema
Todo bebê é anarquista
Todo banqueiro deveria ser anarquista e
deveria fazer chover o amor livre sobre nós
Todos nós
Toda tarde
Molhar os tabloides
Diluir as tintas e
pelos visores das tvs devolver
asas ao povo!
Andorinha
Fluir de vez.
Devir sobre fluxo sob refluxo das ondas dos dias.
Acima e ser.
Sorrir tendo o fio do prumo dos rumos.
Andar de vez.
Ir por elevações e planícies das eras.
Assim e ser.
Sorrir qualquer sorriso que firme a curva dos rios.
Sustentar a dança do corpo os braços dados.
Aguentar que o espírito plana e paira sobre o arado.
Pois vai chover do olho da andorinha a chave.
Pois vai.
Devir sobre fluxo sob refluxo das ondas dos dias.
Acima e ser.
Sorrir tendo o fio do prumo dos rumos.
Andar de vez.
Ir por elevações e planícies das eras.
Assim e ser.
Sorrir qualquer sorriso que firme a curva dos rios.
Sustentar a dança do corpo os braços dados.
Aguentar que o espírito plana e paira sobre o arado.
Pois vai chover do olho da andorinha a chave.
Pois vai.
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
Fio* de prumo
FIO *o que forma uma linha
coisa sutil, tênue, delicada
corte de um instrumento, gume
sucessão contínua de palavras
com o que aranhas e bichos-da-seda tecem teias e casulos
achar-se em grande risco; estar por um triz
materializa a vertical
remove comida dos dentes.
deixa nuas as nádegas
fio de prumo: A observação de um objecto pesado pendurado na extremidade de um cordel produzindo no mesmo um efeito de perpendicularidade em relação à terra, foi um fenómeno verificado pelos primeiros pensadores da antiguidade. Faz a transferência exacta de um ponto entre dois planos desnivelados. Neste campo, o fio-de-prumo continua sendo um instrumento indispensável na construção moderna.
translúcido: Que deixa passar a luz, sem permitir, entretanto, que se vejam nitidamente os objetos através de sua espessura; diáfano, transparente: os vidros despolidos são translúcidos.
transparente: Que, deixando-se atravessar pela luz, permite distinguir nitidamente os objetos através de sua espessura: o vidro é transparente. Cujo sentido oculto se deixa perceber: alusões transparentes.
coisa sutil, tênue, delicada
corte de um instrumento, gume
sucessão contínua de palavras
com o que aranhas e bichos-da-seda tecem teias e casulos
achar-se em grande risco; estar por um triz
materializa a vertical
remove comida dos dentes.
deixa nuas as nádegas
fio de prumo: A observação de um objecto pesado pendurado na extremidade de um cordel produzindo no mesmo um efeito de perpendicularidade em relação à terra, foi um fenómeno verificado pelos primeiros pensadores da antiguidade. Faz a transferência exacta de um ponto entre dois planos desnivelados. Neste campo, o fio-de-prumo continua sendo um instrumento indispensável na construção moderna.
translúcido: Que deixa passar a luz, sem permitir, entretanto, que se vejam nitidamente os objetos através de sua espessura; diáfano, transparente: os vidros despolidos são translúcidos.
transparente: Que, deixando-se atravessar pela luz, permite distinguir nitidamente os objetos através de sua espessura: o vidro é transparente. Cujo sentido oculto se deixa perceber: alusões transparentes.
FIO
de translúcidas transparências
do infinito ao infinitesimal
Lato
Vôo altaneiro, livre de peias, erguendo-se muito alto, acima do interminável fluxo e refluxo da vida ordinária, a fim de ser alcançada uma visão mais ampla.
quarta-feira, 13 de novembro de 2013
Nenhum rosto sem o outro
Esconder o rosto é mostrar o feio da realidade que não queremos ver. É mostrar ao outro que podemos ser ele. Que somos ele e somos todos. É mostrar que a cor da face já não importa. E nos negarmos a mostrar brilhar os olhos quando não lhes podem ver. É prescindirmos da boca e suas palavras se não podemos sorrir. É estar saturado do que não tem brincadeira. É silêncio e é não dar a cara a tapa mas é deixar os braços livres e ter mãos à mostra e prontas caso sejam úteis. É calar a expressão do indivíduo diluído em lato. É dar-se um véu-denuncia da ilusão cotidiana. É o gesto sem passado que sustenta a cara nova que pode o mundo. Neste sentido é arte inédita. Hoje, ocultar é maior que mostrar a beleza roubada pela desconfiança. No entanto é potência e possibilidade da beleza pairar. Esconder o rosto é alar o rosto. É acreditar que o outro por baixo do pano sorri sorriso que não se envergonha de si e que partilha a lágrima emocionada. Lá há o brilho que se enxerga de olhos fechdos. Dentro da boca vendada mora a palavra que ainda não se disse. Tão nova vai se soletrar quando os panos puderem cair naturalmente.
Por enquanto
coração não force para fora
queira não abrir a vontade.
Espere passar os homens que procuram por um apartamento com varanda gourmet.
Espere.
Sempre chegamos ao outono. Histórias e lendas surgem dos homens com pássaros.
Ponho a boca a boca no topo do himalaia. Cubra teu rosto comigo.
Esperemos batendo um longo papo com o espaço. Rio de ouvir o diálogo dos planetas do sistema. Logo, dê crédito para o amanhã. Ainda não anoiteceu.
Img.: Rene Magritte
Por enquanto
coração não force para fora
queira não abrir a vontade.
Espere passar os homens que procuram por um apartamento com varanda gourmet.
Espere.
Sempre chegamos ao outono. Histórias e lendas surgem dos homens com pássaros.
Ponho a boca a boca no topo do himalaia. Cubra teu rosto comigo.
Esperemos batendo um longo papo com o espaço. Rio de ouvir o diálogo dos planetas do sistema. Logo, dê crédito para o amanhã. Ainda não anoiteceu.
Img.: Rene Magritte
terça-feira, 12 de novembro de 2013
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
hoje vai ser ontem
tomara que nada aconteça hoje
não é bom dia para que coisas aconteçam
um dia hoje vai ser ontem
ontem esse hoje era amanhã
agora que é hoje estou quieto
parado anti-propício ao acontecimento
a respiração ocorre devagar
os segundos são imensos
o sol caminha mornolento
torço para que nada mais que isto ocorra
o vento inspirado e o sol de passagem larga
quando à noite uma surpresa fresca
hoje amanhã será
no enquanto nada além ocorra
por favor senhor nem morte nem buzina nem pratos à mesa
ninguém nasça nem um pano úmido passa pelo chão
fiquem quietas borboletas serelepes outros segundos vêem
por favor venham devagar não sejam bruscos com o tempo
não martelem nos sinos só o vento só o vento
estou atento
nada está acontecendo só o vento
o coração toca um bambu toca o outro e faz som
nada além disto só isto aconteça
nada está acontecendo que bom
não é bom dia para que coisas aconteçam
um dia hoje vai ser ontem
ontem esse hoje era amanhã
agora que é hoje estou quieto
parado anti-propício ao acontecimento
a respiração ocorre devagar
os segundos são imensos
o sol caminha mornolento
torço para que nada mais que isto ocorra
o vento inspirado e o sol de passagem larga
quando à noite uma surpresa fresca
hoje amanhã será
no enquanto nada além ocorra
por favor senhor nem morte nem buzina nem pratos à mesa
ninguém nasça nem um pano úmido passa pelo chão
fiquem quietas borboletas serelepes outros segundos vêem
por favor venham devagar não sejam bruscos com o tempo
não martelem nos sinos só o vento só o vento
estou atento
nada está acontecendo só o vento
o coração toca um bambu toca o outro e faz som
nada além disto só isto aconteça
nada está acontecendo que bom
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