Fio.
Aquilo que forma uma linha que é coisa fina, sutil, tênue, delicada.
Pode ser o corte de um instrumento, o gume ou a sorte da sucessão contínua das palavras com o que aranhas e bichos-da-seda tecem teias e casulos e nós poemas e meadas, mas não os mexericos.
Se achou-se em grande risco, antes que esteja por um triz, materialize a vertical com o fio de prumo e alinhe a alma à mente ao corpo e rente. Com o dental, remova a comida dentre os dentes ou deixe nuas as nádegas.
Um fio translúcido deixa passar a luz, sem permitir a nitidez dos objetos por sua espessura. Algo fosco. Se for diáfano, deixa-se atravessar pela luz dando à perceber o sentido oculto. Algo reluz.
Um fio que dê o infinito ao infinitesimal e que descenda (e ascenda) translúcidas transparências que no ajuste foco do qual dependa a solução do paradoxo que una em una fórmula o que ofusca e o que reluz. Algo luz.
Em silêncio enfio o fio do telefone no ouvido. Se o calo escuto. Seu som é bem baixo pois vem de muito longe do lato íntimo. Calado ele me disse que no futuro não serão precisas as palavras. Tudo vai estar na cor e o subjetivo exposto.
Tão posto como a mesa e o meio dia.
E antes que eu esqueça
fios de nylon são bons para pescar variedades.
E acabo de lembrar que
a vontade da alma utiliza um fio chamado sutratma.
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