quinta-feira, 30 de abril de 2015

Colóquio

- Borges, 
eu aquém também 
sempre acho que o 
paraíso seja algum tipo de biblioteca.

sábado, 25 de abril de 2015

Esse livro


Essas coisas


Ora vejam!
Parabenizara uma autora e nossa prosa caiu num dilema gramatical surreal.
Quis saber como editou, se esquivou. Ok. Resolveu, no seu ego de autor, aconselhar-me a não tratar minha obra por "livrinho" (tinha lhe falado que fizera um livrinho). Mas é um livrinho, pequenino, 33 páginas, magrinho, magrinho.
- Não, esta palavra não pega bem. Diminuiria o meu livro.
Sim, ora vejam! O livro diminuto é o livrinho.
Uma prosa que começa com admiração terminar nesta discussão cheia de amarras nomenclaturais. Ora.
- Ah vais ler Guimarães Rosa! - não disse eu.
Mas não deixou de dizer-me que tinha um livro a 20 reais, revisto & revisado, disponível ainda e que, que sorte, amanhã ia estar na praia fazendo umas leituras, e chamou à mim que nem moro ali e que levaria horas pra lá chegar. Que trabalhou aqui, que trabalhava lá... Ai, que inveja, só que não, fui sentindo. Eu, que nem editara ainda o meu livrinhozinho. Fiquei mudinha, miúda, pensando como chamar esta coisa de papel então que fiz. Pra terminar de forma amigável, dado até por ter descoberto que a dita era amiga de minha mãe, cedo.
- Que tal livreto?

terça-feira, 21 de abril de 2015

Terrear


http://frenesilivros.blogspot.com.br/2013_09_01_archive.html


Amanhã um bailarino vai deixar o palco.

Dará, extremamente concentrado, seu último giro que — não sabe — não se acaba ali:
seu êxtase seguirá girando até o infinito.
Vai ser amanhã em um teatro do mundo.

Sérgio Bernardo

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Sobre isto de ler e não se estar aqui

img.: Alain Laboile
Acontece que o poema me deu o mundo possível que não se vê em realidade.
Aconteceu do poeta morrer mas deixar-me a ler livros e possibilidades intocadas
dessas inócuas:
- como a blusa deitada ao lado por me apertar os seios

- como o peso atirado ao alto ao ar
a metamorfosear-se.
ah! não pode ser minha a canção entoada à fora à toa à força - esta bobagem.
O poema sim devolve-me.
Melíflua. Sim, esta sou eu.

A toada entornada pelo poema escorre
melíflua. Simples por toda vida toca o cerne até dizer o que não dá
pra dizer.
Dizer não diz mas se dá a quem insistir entender.

Quando a superfluidade desvai, ali se voa. A eternidade do cimo dali - tão bom.

Acontece que o poema é meu e dele sou eu e agora é assim.
Minha casinha de gomos de palavras, com capas de roupas soltas, recheios de verbos de mel, lambidas de sol à tarde, orelhas postas de peixe à mesa e coisas demais que não dão pra ver. Vai saber...
Posso morar aí. Não estranhes de não me ver. Flano junto ao poeta amigo meu que já gosta de mim.
Temos um poema em comum, já disse. Ele que escreveu. 

Não só pra mim. Pode ser seu. Vai querer? Eu só peguei pra mim - tão bom.

Flutuo já na claridade desta casa que ganhei pra flanar pelo poema.
É minha. Morei.

Tão bom.