terça-feira, 19 de maio de 2015

Choque, ruína e síncope.

Por favor não editem meus livros.

Não os quero corrigidos. 
img.: Victor Pacini
Não os quero prensados, 
costurados, constrangidos, grampeados. 
No fundo nem os quero comprados 
- mas te faço e envio um a 14 reais.

Não os quero presos nas prateleiras ou encalhados no fundo das caixas que fedem papelão. Não os quero presos nas fendas do orgulho ou da breve situação.

Não quero que a vizinha me veja na televisão, nunca, não. 
Deixa-me ser esta incógnita que leva os filhos à praça à lamberem sorvetes de frutas quando é verão e que no fim do mês tem de ir ao supermercado. 

Por favor sr. editor esqueça hoje mesmo o email que mandei ontem. Apertei "enviar" mas era gatilho. Não poderei dizer de mim que sou bonita ou eu mesma ou que fui esperta e sorrir sem ser a vez. Não sei reagir à elogios e à qualquer tipo de crítica inundar-me-ão mil lágrimas e o colapso. Ou síncope, é certo.

Não quero autografar montanhas de pilhas de livros rigorosamente iguais para uma fila dos que possam estar apenas atrás de algo expresso. Dói-me o pulso pensar as assinaturas corridas e é certo que me servirão água engarrafada plasticamente. Tudo meu precisa de ar tipo atmosférico. O que sai de mim é natural: estou à beira da cachoeira escambando livros por pedras solares ou peixes frescos.

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