quinta-feira, 9 de julho de 2015

Não sei fazer arco íris

Não sei fazer arco íris e este momento me é engolido como a um espinho que fincasse agudo, demasiado fundo, na garganta. Nem desce, para que digira, nem cuspo como se faz se fosse um gosto ruim. Como fazer para que saia? Alimento ilusão de que se esvaia se venho tratar contigo disto.

Se sentes frio um casaco ou abraço dão alívio. Se tens fomes, comes e eis que estais bem. Nada tratará isto que sinto ao engolir a incapacidade. Penso que a surdez fosse bom e agradeço o tampão de cera. Sinto que morrer não soluciona e nascer deu tanto trabalho. Preferia um engasgo que ao soco nas costas resolvesse. Mas não, não.


Não sei que fazer com as mãos. Nem que mil crianças me dessem as suas e fizessem festa ao olhar, levantaria-o. Solo, terra, rocha são os que vejo. Nem que teus raios de sol, óh deus qualquer, num verve descessem para salvarem-me, não daria à ti um só mistério meu, já que não me deu a ternura de fazer arco íris.


O fato que me veste cinza, que me fez engolir é momentâneo e é deste traje que trato. Não me dispo para que me salve. Nem me visto pra que aplauda. Quero só ser pequena ao ponto do tamanho do grão cósmico. Caber
exato em tua palma de mão. Se me apertas muito me abro. Queria ser ar, tão alto ar que nem servisse ao teu respiro. Vou querer volver à deus e deixar de ser eu, não deu. Só porque o céu tem esse azul assim bonito que me encorajo a escrever no ar daqui tais palavras. Não sei fazer arco-íris.

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