sábado, 12 de setembro de 2015

O grande príncipe

Falarei para ti, que estás sozinha, porque tenho o desejo de te habitar.
Talvez te seja difícil receber o esposo de carne na tua casa, mas há presenças mais fortes.
Te hei-de visitar. Não tenho necessidade de me dar a conhecer, Sou laço do império e inventei-te uma oração. Sou fecho de abóboda de um certo gosto das coisas. E ligo-te.
Não quero que fiques deserta na tua perfeição. Farte-ei despertar para o fervor. Que dá e nunca retira nem reivindica propriedade ou presença.
O poema é belo por razões que não pertencem à lógica, já que se situa em outro andar.

Antoine de Saint-exupéry

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Laranjas

faça como eu não faço como ninguém
se quero acreditar em deus
faço suco das laranjas e tomo
se não existir deus, como existe a delícia?

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Vestido balança pedido

Vento que à tudo que à todos balança
Perpassa-nos com sua grande mão imensa
nas quais carrega o aroma do incenso e abraça e abrasa e enleva o liberto
e principalmente o andarilho que deambula.
Leve-nos leves para onde não neve e serve
Sopre-nos o ar manso, etéreo e firme, força com o qual balança as águas, move dunas e que vem e traz nuvens e maresia. 
E vai. E volte.
A amenizar o calor, que o que presta nesse mundo é sombra de árvore
e abundante água fresca.
Preencha tudo e todos desse amor de que é feita a água fresca, você que visita as fontes e cascatas e as falésias e os interiores. E, pedindo demais
Levantai-nos leve
livres leves, alive, pro amor
agora mesmo, não é só supor
agora
carregue nosso esquecimento. Trouxe enovelada esta flor. Apraz te ouvir, vento. Nos aprontar e seguir. Despir pra sentir teu tento. Adentrai futuro amorosamente ansiado. O Sol, o velho sol de primavera vem vindo, ventando e rindo. Invenção de um deus que gosta de percorrer espaços e cria espaços de percorrer.
Deambulante? Dizem que ele tem um plano...