sexta-feira, 17 de junho de 2016

os giros

giros! os giros! velha face rochosa, olha à frente! 
podem deixar-se de pensar coisas pensadas longamente 
pois a beleza nasce da beleza e o valor nasce do valor 
e esvai-se todo antigo lineamento 
a terra, está manchando-a irracional rio sangrento 
... 
que importa se na crista um mudo pesadelo se segura 
e o corpo sensitivo o manchem sangue e lodo? 
que importa? não suspires, e não caia nenhum pranto 
foi-se um tempo maior e de maior encanto 
e por formas pintadas e por caixas de pintura 
em velhas tumbas eu chorei, não vou chorar após 
que importa? da caverna ergue-se uma voz 
e tudo o que ela sabe é isto: regozija-te de todo! 

fazem-se rudes a conduta e a obra, e rude a alma faz-se 
que importa? aqueles que preza a rochosa face 
os amadores de cavalos e mulheres, tais irão 
desenterrar do mármore ou da sepultura espedaçada 
ou do escuro entre a doninha fétida e a coruja, desse lado 
ou de qualquer negro e opulento nada 
o obreiro, o nobre e o santo, e as coisas todas correrão 
outra vez neste giro já antiquado.

w. b. yeats

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