Fosses eu largava tudo:
o uniforme, o peso, a arma e o coturno.
Fosses eu inspirava profundo e,
após expirar, exorcizava ar e ia ao mar num raro mergulho.
Fosses eu, sorria e não terias câimbras em seres tu.
Fosses eu seria mais, seríamos nós e o mar sereias. Seria o mundo pátio pras nossas brincadeiras.
Fosses por mim ficava o petróleo fundo e dentro.
Sangue negro, minério fluido, rios indo in veias.
Serias homem fundo de si,
dentro
em silêncio
impessoal a descobrir novas energias
infindas, disponíveis, tudo aí, fosses ar.
Fosses eu e eu não sofria o calor deste afã de
te deitar no mar, de
te lembrar o feto, de
te superficiar.
Te submergir até curvar-se
deste homem teso. Sério.
Emerso.
Anda
até nadar nós calmos nas marés.
Ouves?
Harpas dos mares para as gentes...
Ah! Se veres harpias sobre ti e tudo,
sobre-excederemos.
Ah, entendas!
Já estou quase. Então
te vento a frescura excelsa
te sopro o gesto livre pena
te doou a parte minha que em ti
sua.
Dera-me despir-lhe o casaco, o duro acaso, travar-lhe o gatilho e lavar teus pés.
Aceite o refresco. Este sol à tua tez, sol dado, quer lhe esclarecer.
img.: Mariucha Machado
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