pousar as mãos ao teclado é não dormir com o barulho da complexidade das narrativas. a força imensa do conhecimento. tudo o que tiver de visto, ouvido, lido, falado e escrito vai ficar guardado no grande computador, memória atemporal da natureza, a qual sonho visitar. na dimensão virtual entoei meus livros. um que se chama botânica, outro, floresta. são sugestivos, e frescos. a floresta de agora guarda teus segredos, sinto um desejo folha. quero escrever no tempo das folhas. sei que para ouvir a voz da floresta terei de colher os segredos, e comê-los.
com os olhos de agora, harpia, thc se vê
um vicking em nova york, moondog (têm de conhecer moondog!)
os mendigos leitores imundos inundos
os poetas que sonham abrir cafés de frente pro mar (patti smith)
a dona da hospedaria que tem um rio por detrás e que sonhava com clepsidra acho que era eu.
em 1267 eu morri pois cai da torre de um castelo. achei de uma dignidade.
quero sonhar que sou irmã de giordano bruno, que fui um marinheiro, que converso com saint exupery. imprimo o livro de são joão da cruz, porque seu nome tem um lugar sagrado na escrita da simone weil e na de maria gabriela llansol. acho que irei morrer aos 88 anos como o poeta português antónio ramos rosa. se na minha vila houvesse um padre poeta como josé tolentino mendonça, ia assistir à tudo que ele fala. um padre, poeta, leitor das grandes obras literárias.
minha glandula pineal fabrica dmt quando sonho que voo? ou quando vejo aquelas paisagens num verde indescritível? quem vai me responder esta pergunta? à quem pergunto? à psilocibina? ao terence mckenna, que morreu?
perguntarei à inteligencia alienígena quando estiver pronta.
tenho fumado muito. o tabaco e a ganja me suspendem deste mundo. da forma como ficava suspensa jovem pisando sementes. converso sobre mushroom com o filho iaman. ele chora porque teme que eles queiram ficar comigo assim que descobrirem que gosto de estudar. só agora o entendo melhor. eu vou voltar, filho. e só irei com ajuda xamã experiente.