sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Mudança de estação tomba morte à gravidade, rebenta a vida voadora

Equinócio - meio a meio - tarde do dia que é já quase noite. Entre. Tanto... Tabuleiro de xadrex. Meia luz quase inteira - breu. Meia lua oculta. Lusco fusco e a dia vira a curva do horizonte. Vai acender acolá. Foi? Achei! Uma lanterna na noite depois de ver de dia. Tateio e rastejo. Achei! Aqui ela bela. Ela alegre. Ela concreta. Matéria divina. Elétrica. Brilhante. Na hora marcada chuva choveu e nasceu forte. Caiu ventando, lavando, regando, enxarcando. Caminho virou rio de lama e nutriente. Sementes viajaram nele. Água entrou aqui pelas janelas, poros, sendas e vãos. Sem pedir licença. Deixei. Óbvio. Enxuguei. Entoei gargalhadas de crianças entornadas nas poças marrons. Festa de sapo. Na luz da hora 6 - Ave Maria. Salve salve. Milagrosa, apaziguadora, cronometrada e pontual. Tava só na espreita, espectadora, esperança, torcida. Ê, desaguou céu na terra. Folhas vieram tontas e me acertaram a cara, colaram figuras nos meus braços, feito cola a roupa grudou na pele. Muita coisa seca, morta e marrom veio deitar no chão. Tudo cheiro bom. Tudo úmido. Meio sim, meio não. O sol, quando tirar as nuvens dos olhos vai ter função. Secar molhado e alternar-se, sagrado. 

Coisa boba, à toa e boa é varrer folhas do piso prá terra. Coisa alegre, fresca e séria é secar a chuva com o sopro do suspiro deste cheiro molhado.

Vixe Maria, que tristeza breve! Chora daí que rio aqui engorda e entorna felicidade na cachoeira que queda. Primavera, é teu meu coração. Faça dele o que bem quer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário