segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Lá fundo onde sou sol soul suor

lá fundo onde sou sol soul suor
fui. voltei. entendi. algo tá morrendo. uma libélula escolheu esta casa pra morrer. o vento encarregado do tempo e auxiliado pela vontade gravitacional entornou o velho caule de árvore - ao chão. oco, caminho de insetos pretos, fibras retorcidas. não ouvi o som, estava longe, no futuro. só presumi. e conferi: alguma confusão arrumada, cheiro verde, casulos, favos - todos - ao chão. um ninho talvez. uma telha quebrada. abelhas residentes e resistêntes. uma delas foi aos correios comigo enroscada num chumaço dos cabelos. e mais: cascas tortas, galhos grossos e miúdos e brotos de jamelão todos verdes - grande tombo. ao chão a imensa casa de abelhas irapuãs montada no topo do galho central. ornamenta varanda. essa velha parte árvore que agora foi deixou à vista grande pedaço de céu. mais estrelas. mudei a posição do domir. vejo uma veia pulsar no pulso. acordei hoje - dia de verão intenso no inverno astrológico. ardência vermelho amarelo laranja cor do fogo. 2012. aqui e atrás das nossas janelas. tudo isso se dava quando eu estava parada num olhar tão tão tão... não sei dizer. o vento sopra e sua fala não soa palavra em português. sou sendo só soul sol suor num corpo apartado. apertado.

tudo assim, tão simbólico. só tive pistas. frações de segundo.
milinésimos intensos e prolongados.


me obrigam a navegar por cima do mar da ilusão. 
isso me dá uma tristeza muito lúcida. é que
menino sonha com coisas que depois cresce e...


só teimo frases incompletas. calo e ouço e tentar transcrever é aprisionar. careço melhorar. refazer a dor pra desfazê-la.

boa a noite de lua nova e ausente
só vejo sol surgir se for com ocê
ou vou sonhar a manhã inteira
dando supapos no tempo, brindando beijos com vento
me arvorando em vôos levitosos ou em saltos
em varas de bambu. 

não mais atiço fogo, não mais atiro pedras. 

caminho do karma ao dharma, como dizem aí.
busco olhar passarinho.



agoraamor me acorde
pois quando menina sonhava com coisas e cresci.
guardo cansaço nas horas e mormaço nos braços. 
sol combustível prá respiração. energia há de sobra pro sorriso.
gratidão pelo presente clareira de azul-dia e de estrela-branca noite.
frescor de brisa é beijo. seu. sei.

depois que parti de ti é verdade que parte de mim te retém e me mantém. não sei por quanto tempo. tudo o que era mantido por aquele galho velho veio abaixo e eu acho que isto quer dizer uma coisa enorme. ninho tá intacto e vigoroso. vem um dia e nele sobra tempo pra sorte e seus pacotes voarem janela à dentro e soarem varandas à fora. e dentro. aqui.

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