quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Ver-ão que há-de-vir


Silêncio é pura espera
Tipo esfera de um sonoro
Nonde espreita algo muito mais e quer vir livre, além livre - dale
Sol brilhou realce e mais
os ais, descarreguei no brilho
-deixei com ele-
Desocupo-me, despreocupa-me!
Peso ficando leve 
livre, sutil leve, sutilêzas:
o sol e
 as sombras que causa
nuancia cores, faz cantar a cidade
Dancei, como é de praxe
Corpo físico faz isso:
 veias felizes, bronze pele. Incenso ventou, varreu,
folha caiu. 
Feliz, eu recolho-me ao sonho.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O que os olhos não vêem mas sente o coração

Quando opostos são por vibração casados e, unificados, ocupam o mesmo espaço compreendido entre as linhas que (os) torneiam (e norteiam) o ideal, isto que vai além das características opositoras (e que são, por lei natural, complementares).

Um lugar especial, completo (e por isso, infelizmente às emoções humanas - um lugar finito, porém eterno, pelo fato de estar finalizado). Lá (ou aqui) onde bem e mal vão além de apenas opostos e condicionantes das ações terrenas, humanas. Com meus olhos passarinhos vi o bem causando o mal e vi este ocasionando o bem. Masculino serpenteado ao feminino é assim lido kundalindamente. Juntos por um bem pessoal que acarreta um bem maior, bem maior, bem maior. Lá e aqui.

E assim, falando por mim, plenalizada, amplaRmente aspirada, dona do meu melhor lugar.
Onde, aonde e nonde é possível assimilar a emoção e libertá-lá jorrando-a nas palavras, chuva limitada à nuvem. Altura do vôo limitada pela fronteiriça camada. Consciência é programada à evoluir.


espaço é o que habito e não há lados
cair, sobre outro ponto de vista, é levitar rapidamente
a bondade (por falta de nome melhor) foi maculada pelo fator humano. e isso lhe acrescentou brilho.

agora, porquê disto, só faço vaga idéia
é o que posso e o que possuo de são

sábado, 10 de novembro de 2012

A li-bé-lu-lá

nem um mal 
nem um bem 
habitam este ser
cuja sombra é a face dançante da matéria


entre-luz
--------------
veio aqui

deu-me esta
morreu
passou pairou pousou 

na brevidade do instante
zuniu do momento: 

ficou fitou sondou
sorri! 

diante de tanta evolução 
...............

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Obras gaivotas

em ti adoro-te tudo aquilo que em mim falta-me
assim enfim
sobramos somas compartilhadas em obras gaivotas

Toco na fonte. Sei.

Passarinhantes vieram à casa que cultuo e cultivo contar-me novidades de um mundo por vir. Vi e sei e rememoro. Se repito é porque se faz preciso. Se afundo é pelo maior avoar. Primavera, mais uma, adveio. Na dança incessante dos equinócios. Personalidade perdi no amontoado de caixas que me dizem de mim, mas... Quem fui ou quê serei menos importa se vou passar. No instante agora desta era digo: novamente fez-se primavera e seu atributo inerente é derramar belezas nas visões que as apreende. Os carros políticos estão calados. Pouco importa quem chora ou comemora vitória. Se numa praia no Rio a culpa é de quem milita, política ou ofende. No dentro sinto, identifico, que importa transmutar ódio em sorriso. Abrace. Se há igualdade na lei universal, o diverso é fundamental. Então não cabe o competir. Habito livros, converso com o invisível. Toco na fonte. Sei.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Revés e viés

Solitude é bordada de revés e viés.
Reta reflexão. Curva da solidão.


Mastro tombado ao mar.
Triste e feliz e liberta.


Cabe o triste e o feliz num mesmo ato, segundo-instante?
Cabe.

Mas, na verdade, o que cabe é tristeza no peito.
Porque a alegria não cabe ali, extrapola.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Coragem

é aqui onde grito primeiro porque preciso segundo porque são cegos. são surdos obsessos pela involução e estagnação do pior. são francisco, tire de suas mãos a destruição. plante amor em seus corações. o invisível luta por quebrar a densidade. só se sente esta vibração pelo vento ou pelo som. não há silêncio em meu coração. tristeza por tudo e todos fez dele morada. não há castelos onde se proteger se além e ali há prisioneiros da fome gananciosa de quem ainda não viu que não se pode comprar o que não está à venda: como a vida. como a senda.

quiseram me incendiar porque digo isto. rapidamente cessei o fogo como quem diz: basta! sentido de minha vida é proteger inocentes dos malditos que dão a volta sobre si e não sobem. subam, subam, subam! não há sacrifício que mereça alastrar nesta terra. maldade se abraça e se converte em amor, pelo sagrado coração da mãe. pela potência da mão do pai. pelo sorriso de quem nasce.

(que não vejam seus recém abertos olhos a maldade em seus irmãos. que não saibam da lógica do racismo. que não cultuem a inferioridade ou superioridade fictícias. seus corações sabem da igualdade: minha, sua, nossa - senhora)

"O passado é lição para refletir, não para repetir"
Mario de Andrade

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Aura terrestre


Melancholy of a Japanese Girl, por Yoko Furusho
No exercício de colher sentido, andei.
Filhos me atam e me livram de mim.
Pernambuquei avoada e liberta e vi homens em amarras.
Incapaz de livrá-los, acho mais fácil lavrar a terra.
Me desculpe por isto.
É que a cada qual cabe parcela de ação. Atitude que tenho é escrita. Nela e na árvore que cresce no centro do terreno finco e fundo estrutura que eleva um elo eloquente e ressonante. Assim proclamo revoluções às distâncias pois sei do ideal.
Este algo pai e pacífico que foi acordado até bem antes do nosso nascimento.
(Algo que é mais ou menos assim)
Não há muros. Vista o que quiser e se não quiser não vista. Não há justificativa pro grito. Holofote é eletricidade aprisionada. Nada novo a fabricar. O que te carece comprar? Manutenção do que existe, já. Com carinho, sem desperdício - vide a inteligência da distribuição. Nenhum brilho de pedra rara deverá ornamentar dedos. À terra o que é dela. Evite seu escavar. Saiba da preciosidade do ar. E do corpo que habita inter solo. Teu corpo e teu lugar emprestados vão passar. Sabes. Tua morada já foi mar. Tá, trazes olhos cansados em espírito velho. Mas não olhe de soslaio. Goste do gosto do dentro. Sonhe um amor gostoso e imenso que nada tenha de concreto. Fume as horas e imagine a memória a te somar. Político algum pode te representar ou te proteger do que não há pra temer. Confie e perceba como algumas artes são inúteis em sua pequena utilidade. Querem te culpar por não agir? Não queira destruir, queira aproveitar! Ou cessar. Suspender construção. Permitir ocupação. Abrace uma casa abandonada. Adentre-a com seus ares e novidades, enfeite com colares e fique a vontade, por favor. Se carecer, pinte as paredes mas preserve seus descascados. É pertencer das coisas o tempo e a cor. É sua maior necessidade a utilização. E se o uso cansar, concerte.
Entoe saudades do Gandhi, do Lennon, do Tom. Lembre-os à ti...
sempre...
sobre palanques retóricas dão voltas em si. Ouvi, ao longe, fugi. Palavras voavam soltas, tontas, sem função ou lugar no real. Quiseram me agarrar e me embaralhar num estardalhaço! Artifícios artificiais. Fiquei surda só de ouvir. Sou boba não, toquei na beleza e dancei. Foi bom. Fácil. Dou graça só pelo alimento, abrigo e calor do agasalho. Não te pedi nada. Nem perdi nada que você tenha achado. Se a necessidade me traz nova função, deixa que eu faço. Ou quer que lhe pague um imposto e lhe cobre por atitudes que me são de dever via a lei das eras? Dou utilidade às minhas sobras, não lhe peço que as recolha. Agradeço a intenção, se esta for boa...
Toda vez que atravesso um bosque acho tão secreto que me vem um desejo folha.
Cada vez que me sobrevoa a passarada me sinto leve e quero junto.
Filhos me atam e me livram de mim. Só descubro sentido inteiro se for até o final corporal. Aí sim. No entanto e por enquanto recolho as peças-acontecimentos e as acrescento ao firmamento. Coloco os acentos, repouso e intento integrar. Acordo inteira mas eis que perco parte da metade ao dragar o quente negro café. A rotina me cobre da personalidade que dispo porque quero o ideal e o mais. 

Dispenso ajuda camuflada de lucro: ar é de graça e há tempos sintonizo acalantos. Veja: ar é graça acalantada ausente sob mar. Por isto acalente, atente e respire. 

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Diário terreno

Tire o microfone deste homem que berra. 
Um grito não precisa expansão.

Tire das mãos daqueles senhores este motor que irrita, inibe e enreda.


Beleza, se encontra terreno, expande e expandia. Expansiva abrangência numa distância imensurável.


Se quiser, sustente o sorriso de um humano qualquer. Coisa fácil, nosso natural.


Difícil é ver óbvio. Ouvir límpido. Ativar rítmos. Drenar líquido. Solucionar.


O resto é fácil. Harmonia transitante, pairante, presente e passante como pássaros de carona nas correntes de vento. Um bando deles é o que merece o céu e o que cabe às copas, nas árvores.


Continuo aqui pisando daninhas. Rabiscando trilhas. Comendo capim. 

Quarando as roupas no varal. Enfeitando. 

Suando. Parando prum trago. Continuando.


Cirando elíptica. Eternamente. Solta infinitamente. Infindável a existir.


Exercício de persistir no novo. Tudo que guarda um ovo solicita cuidados amenos.


Coleciono na íris olhares e crianças. Por isso algumas que vêem dentro e mais gostam demais de tocar minhas saias, de se achegarem aqui.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Mudança de estação tomba morte à gravidade, rebenta a vida voadora

Equinócio - meio a meio - tarde do dia que é já quase noite. Entre. Tanto... Tabuleiro de xadrex. Meia luz quase inteira - breu. Meia lua oculta. Lusco fusco e a dia vira a curva do horizonte. Vai acender acolá. Foi? Achei! Uma lanterna na noite depois de ver de dia. Tateio e rastejo. Achei! Aqui ela bela. Ela alegre. Ela concreta. Matéria divina. Elétrica. Brilhante. Na hora marcada chuva choveu e nasceu forte. Caiu ventando, lavando, regando, enxarcando. Caminho virou rio de lama e nutriente. Sementes viajaram nele. Água entrou aqui pelas janelas, poros, sendas e vãos. Sem pedir licença. Deixei. Óbvio. Enxuguei. Entoei gargalhadas de crianças entornadas nas poças marrons. Festa de sapo. Na luz da hora 6 - Ave Maria. Salve salve. Milagrosa, apaziguadora, cronometrada e pontual. Tava só na espreita, espectadora, esperança, torcida. Ê, desaguou céu na terra. Folhas vieram tontas e me acertaram a cara, colaram figuras nos meus braços, feito cola a roupa grudou na pele. Muita coisa seca, morta e marrom veio deitar no chão. Tudo cheiro bom. Tudo úmido. Meio sim, meio não. O sol, quando tirar as nuvens dos olhos vai ter função. Secar molhado e alternar-se, sagrado. 

Coisa boba, à toa e boa é varrer folhas do piso prá terra. Coisa alegre, fresca e séria é secar a chuva com o sopro do suspiro deste cheiro molhado.

Vixe Maria, que tristeza breve! Chora daí que rio aqui engorda e entorna felicidade na cachoeira que queda. Primavera, é teu meu coração. Faça dele o que bem quer.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Lá fundo onde sou sol soul suor

lá fundo onde sou sol soul suor
fui. voltei. entendi. algo tá morrendo. uma libélula escolheu esta casa pra morrer. o vento encarregado do tempo e auxiliado pela vontade gravitacional entornou o velho caule de árvore - ao chão. oco, caminho de insetos pretos, fibras retorcidas. não ouvi o som, estava longe, no futuro. só presumi. e conferi: alguma confusão arrumada, cheiro verde, casulos, favos - todos - ao chão. um ninho talvez. uma telha quebrada. abelhas residentes e resistêntes. uma delas foi aos correios comigo enroscada num chumaço dos cabelos. e mais: cascas tortas, galhos grossos e miúdos e brotos de jamelão todos verdes - grande tombo. ao chão a imensa casa de abelhas irapuãs montada no topo do galho central. ornamenta varanda. essa velha parte árvore que agora foi deixou à vista grande pedaço de céu. mais estrelas. mudei a posição do domir. vejo uma veia pulsar no pulso. acordei hoje - dia de verão intenso no inverno astrológico. ardência vermelho amarelo laranja cor do fogo. 2012. aqui e atrás das nossas janelas. tudo isso se dava quando eu estava parada num olhar tão tão tão... não sei dizer. o vento sopra e sua fala não soa palavra em português. sou sendo só soul sol suor num corpo apartado. apertado.

tudo assim, tão simbólico. só tive pistas. frações de segundo.
milinésimos intensos e prolongados.


me obrigam a navegar por cima do mar da ilusão. 
isso me dá uma tristeza muito lúcida. é que
menino sonha com coisas que depois cresce e...


só teimo frases incompletas. calo e ouço e tentar transcrever é aprisionar. careço melhorar. refazer a dor pra desfazê-la.

boa a noite de lua nova e ausente
só vejo sol surgir se for com ocê
ou vou sonhar a manhã inteira
dando supapos no tempo, brindando beijos com vento
me arvorando em vôos levitosos ou em saltos
em varas de bambu. 

não mais atiço fogo, não mais atiro pedras. 

caminho do karma ao dharma, como dizem aí.
busco olhar passarinho.



agoraamor me acorde
pois quando menina sonhava com coisas e cresci.
guardo cansaço nas horas e mormaço nos braços. 
sol combustível prá respiração. energia há de sobra pro sorriso.
gratidão pelo presente clareira de azul-dia e de estrela-branca noite.
frescor de brisa é beijo. seu. sei.

depois que parti de ti é verdade que parte de mim te retém e me mantém. não sei por quanto tempo. tudo o que era mantido por aquele galho velho veio abaixo e eu acho que isto quer dizer uma coisa enorme. ninho tá intacto e vigoroso. vem um dia e nele sobra tempo pra sorte e seus pacotes voarem janela à dentro e soarem varandas à fora. e dentro. aqui.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Um índio

Quando sinto geralmente na minguante um peso do mundo sobre ombros me lembro nos olhos que sou uma criança entendendo tudo. Assim sacudo ao alto e recebo, à vontade, aquilo que agente não explica. Olhando a noiva apaixonada e o fresco ar do amor que à tudo enfeita e colore. Lembrando à terra sua condição de bailarina entre as estrelas. E no vínculo o coração quente e vermelho fazendo carinho no tempo que percorre o caminho espaço. O princípio do som. Sendo. Sondo frequencia pandeiral. Aspiro ares dos ventos passeantes. de tudo que é quase circular e gira embriagado. Uso linguagem e canção. E não só. Toda conta é canto. Ah o conto humano e seus olhos passarinhos. Já deixaram de ser o que eram antes. Todos estão livres. Tô no centro da semente. Ansiei, guardei projeto e semeei. 

Hoje o samba saiu na voz da Amy Winehouse e nos batuques dos filhos de Gandhi. Foi aí que um índio desceu de uma estrela colorida e brilhante. Adentrou a aura da terra: impávido e infalível!

"E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio"

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

nãosei

ah a vida. quando tá enfeitada. ah o outro ângulo das coisas. ah quando se está alinhada. ah. há! não faço idéia do que tá acontecendo. fiquei ciente do inconsciente. vontade mór expulsou desejo. fiquei maior. peguei carona. sobrevoô e vejo coisas indizíveis. nem posso te contar. nem dá. nem é segredo. tá explícito. toca tambor no peito. acelera flúidos. fluidifiquei-me. pronde fui? cá estou. voltei aqui. carne e sangue. e não só. peguei carona no magnestismo musical e flui. só agora retornei. não tenho nada pra contar. nenhuma novidade. uma energia enorme nas ancas. minhas mãos soltam raios. nem vai chover. os grilos viajaram comigo e isso é só o que posso dizer. fiquei com medo. de esquecer como se diz. de desapreender a andar. as pernas bambas e os ombros quentes. nem tinha ninguém. não é coisa de gente. e agora? alguém vai entender? não acho o tradutor. cabeça teima entender. minha cara tá quente. corpo todo quer explosão. orgasmei as estrelas e toquei em silêncios. ninguém ouviu. alguém viu. sei. só sei e mais nada. nada há além. além de todo o conhecido toquei o imaterial. não colhi amostras. não posso doar. não posso contar o embaralhado. fios dos sinais do espectro. resquícios quentes sobraram aos sentidos. e só. migalhas quase. raios cortantes. multicor pra depois escuro envolto luz, íris e mais. lembro que dancei. fez ciranda a cintura e se soltou. assim perdi o nome. era uma palavra dissolvida na espiral. por hora nada aspiro. ainda respiro. só eu sei como. com que esforço. suspiro e ergo a força. e essa forma mulher. branca. queimando brandamente. lucidez alucinante. voz maior. lingua delirante. indecifrável em sinais. isto é só rabisco. não há tradução. se segurar minha mão vai ver que queimam os resquícios. breves passantes. não sei se voltam. ou pronde foram. não sei escrever. sei não. pernas bambas. preciso deitar. assim se crescem asas. vou pro ninho integrar. amanhã não sei o que será. o que vai ser vai sobrar. não sei somar depois de dividida. ah a vida foi muito maior que eu e eu quase não a pude suportar. se não retornasse pela via poética sei que me desintegraria. só voltei mesmo pra contar que não dá pra dizer. mas que soa como música mística e magnética. tem rítmo que não é o das palavras nem de um instrumento que se aprende, qualquer. não sei. vi, mas não sei contar. não foi com os olhos. escrevo de supetão e é tudo mentira e eu sei da outra face. posso dizer que há nada além. e mais nada ainda. mas é mais e é além e deveras verdadeiro o que ningúem pode contar. viu? agora que escrevi fugiu. esqueci. foi. instante esfriou. fui dar e perdi. que se distribua. logo mais rememoro o dançar vibrativo. sei da possível volta desse capricho - sonoro que voa e me envolta. eletrônica pura. canal de ascendências. via das descendências - vivas. em cadente cadência concluo aqui o que não tem fim nem é começo. no meio dia da vida, com sol a pino e eu no alto do oco de tanto vazar escritas - rabiscos e ariscos pela pele que logo vai se decompor ao primeiro raio matutino. que saltite o bailarino e levante os demais. despertai que hoje em sonho intuo palpite do bom. suponho compor acorde raro feito fios de translúcidas transparências.

tais como as sílabas rá! áh! há!


tipo conjunto dos raios coloridos consequentes da decomposição de uma luz complexa.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Sobre o nada eu tenho profundidades

A poesia está guardada nas palavras - é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não entender quase tudo.
Prepondero a sandeu.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não cultivo conexões com o real.
Para mim, poderoso não é aquele que descobre ouro,
Poderoso para mim é aquele que descobre as insignificâncias:
(do mundo e nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei muito emocionado e chorei.
Sou fraco para elogios.

Manoel de Barros (In: O Encantador de Palavras)

Frasinhas coladas

vá, filho, pronde tiver de ser
que meu dentro te contém sem  te reter


fica a vontade de dizer mas... ouço tanta coisa à toa
silêncio por favor, vamos respirar!


ah, que bom este lugar. vou morar aqui um pouco...

tempo e passo e a lua clara cresce prá minguante
antes cheia e denovo nova novamente
você onde mora? que não vês minha face.
seja qual for a fase é sua antes que minha.


vá. volte. ninho é mais quente à quem
avooou. vou. vens. saudade é p/ quem tem.

sábado, 25 de agosto de 2012

Ela detesta

Gaiola Grade Arame e suas Farpas,
Fronteira Luta Líder e Linhas Ceroladas.
(por achar urgente abrir desgradeado, desenfarrapa a livre paz pois somos pipas iguais voando ao sabor do...)

Coleira e corrente.
(quer cachorros livres tal qual ciranda e planeta)

Detesta a alta testosterona da Política e a Polícia da Milícia e o Militante e o Militar e o desfile e as botas fazendo tum-tá tum-tá. Deus mandou: calem todos já. Estátua!

Lhe dá asco a gaiola em especial! A privação do livre movimentar passarinhante é grave sintoma da encrenca interior. E aquela que nomeia o limite espacial? Ali tem uma fronteira. Quem determina até onde meu corpo pode ir? Chega a ser engraçado! Hilário era os caras se dizendo donos da terra que havia sob os pés e ao alcance da vista. Passaram, e nós? Passarinhando?

É precioso preservar o sangue e a asa.

O fluir de um e a potência doutra. Carece consertar erros com verbos alumbrados. Disse-lhe um poeta: amor - palavra passarinha. Existe outra mais bonita? Ela sim é inefável ou insondável é, ainda.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Recorde

Sem ais. Perpassa-me tudo que já foi e mais. Sou resquícios e já morri. Agora estou nascendo. Né mole não! Me dá tua mão e desafunde-me pois afoguei no éter do amor - essa coisa feita de vazão que não dá pra repressar ar ar ar. Aqui caí. Prá

contornar limitação é prosperar. Alma precisa corpo limite espacial e caminhar. Limitação é desconforto no cabimento. Protejo árvores em crescimento. Tenho em mim recorde de perfeito ajustamento. Alfaiate e costureira. Temperatura e cozimento.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Em andamento

A potência viva manca desanda levanta vai e
ai.
É dança entre o que ergue e o que desvai.

Abre e fecha esperanças contínuo.

Conte nua tua pretensão!
Mais um, menos dois, mais quatro, menos seis.

Queres-me zero mas, não
senhora!

Sim, agora por hora afora a repetência competente das origens, modificadas.
Sucessiva mutação das correções adaptativas magestradas e bulidas de intentos...

serenos,
sinceros...

firme e forte!

Adapto-me não.
Só ser for intenso,
coerente, corrente de dentro pra fora do número que não existe, vinco no espaço novo, ser do atemporal...

adepta semente que cai da mão - humana. Foge à gravidade e fécunda céu. Cai pra cima. Onde lado é largo, rente, incoerente. Já vejo: nós passarão!

Em andamento a potência viva manca desanda levanta vai e
ai. Em espiral

respiro. Haja fôlego pra tanto desmaiar.

(o lamento do que foi limado brota em lucidez maior)

Instrumento bordando verdades ao avesso e eu costurando palavras ao léu:
- oco terra é céu vermelho e véu -
a soma do número loucura com o som lucidez dá avesso. Pra ver verdade carece desvirar olhos...

Pois foi costurada ao avesso pela lucidez. Se desvira pela via loucura. Tá claro?
Mais esteja firme e forte feito raiz segurando árvore apontando céu. Elo eloquente.

Apontá bendito lápis! Ah! Me faça escrever sentido. Me conte um segredo. Mereço! Cada pista um beijo!

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Preenchimentos

Pererecas nas cortinas.
Vacas nas estradas.
Cavalos nas montanhas.
Formigas abrem trilhas dos caminhos.

Gato sobe a mesa e lambe.
Garoto na cadeira que balança.
Como dormem as borboletas?

Besouros lambuzam-se de girassóis.
Mariposas contentes com nossas cascas,
após a sopa.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Trecho do livro: Distrair ou Potencializar?

Velha veio num dia disfarçado de chuva. Veio ventando-chuvando-raiando, caiu.
No mundo dos homens que queriam demasiado humano. Dos homens da caverna da época que não haviam mais cavernas pois revestiram-nas todas de concreto. Muitos vestiam atraso. Muitos estavam eretos à um tipo ilusório de  poder. Muitos científicamente arreganhados para a penetração da verdade. Verdade é coisa velha. Verdade ninguém suporta ver. Verdade não dá pra pegar, só pra ser atravessado por ela, feito brisa. Só pode ser brisa: ela. Por isso correm para alcançá-la, enquanto ela não é matéria. Por isso lutam por um verbo dela, enquanto ela não é escrita, está - quiçá - de porte da poesia. Por isso comer-lhe do prato até lamber-lhe as beiras. Verdade não é digerível ou dirigível. Não se come, não se lambe, não se esconde. Nem dá pra ver, pinçar, sentir, pensar. Antes seria preciso um excretar resquícios de consciência. Anuncio-lhes a primavera e lhes mando bons amigos. Reuni-vos todos mais três para que chovam flores.

sábado, 18 de agosto de 2012

Ode ao barro

Fresca pluma. Novo potro.
Rebenta natureza.
Olhos abismados por tudo que nasce e merece.
Multiplica visão a vida que come morte.
Alimento pro dia que bebe a noite e envelhece começo.
À tarde pisei barro e cresci.

Não se embrutece quem tece alegria.

Como admitir as depressivas se às horas já coube poesia?

Manoel de Barros Remédio - menos farmácia, mais livraria.
O eterno não cavalga relógios. O horizonte não cabe em pixels, mas nas retículas... 

e nas
reticências.

"Me conformei em reservar alguma coisa...
É recomendável não descobrir todos os segredos”.
Capinejar

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Do infinito ao infinitesimal

Bem te vi no fio da terra em frente à nuvem do céu.
Não me venha com sua britadeira que meu cérebro sintoniza poesis.
Pode me dar teus estilhaços que desenho mosaico pra colar num vaso e te dar.
Aceite um cravo. O céu é azul sem fim. Planto grama pros teus pés.
Passar... por aí.

Vamos passear. Não acorde distorcido. Vá requebrar.
Pandeiro é bonito. Chega o lamentar, o resistir ou enfrentar.
Combater armas com armas.
Te digo antes: silêncio conta verdade quando venta. E ela não é feito palavras.
E se é, feita, vento leva e varre que a verdade é leve e breve e é quase fugaz.

Se tua rádio tocar na minha banda, costuro palavras doces no coração blindado às dissonâncias. Pois aqui nesta casa brindo sintonias e bailo melhorias.


Se tua política quer vender ou me comprar, fundo as leis universais dos quintais, aqui.
Poderosas e eternas como tudo que foi e que melhor há de vir.
Se o teu senhor te manda, o meu permite. Tudo me é permitido: sou responsável pelo meu e pelo seu sorriso. O que pode o nosso?

Há em mim tudo o que busco fora. Hummmm. Me aninhei. Me esquentei de sol. To feliz. Silente. Agora compartilho. Vez ou outra grito um: olá!

Vez ou outra vem uma paz. Do infinito ao infinitesimal. Todos temos uma dívida ancestral. Um código a desvendar. Algo pra encontrar. Um afazer alquímico e muito mistério.

Abdico o foco da personalidade. Ninguém curtiu meu post. Nenhum compartilhar.
Se for serena e sorona já basta. Se seguir fio que ascenda e toque uma estrela já funciona.

Do quintal colho as frases orvalhadas. Enterro o silêncio que brota em insistentes idéias solares. Prestígio de tê-lo sol na cara, luz quente, face a face. Olhos serrados vêem dentro. Cor vermelho e mais e mais.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Desejo duro de pedra

Me concebi um desejo duro de pedra: ser dessas daninhas que se dão no vão entre um e outro bloco, cimento de rua. Uma dessas qualquer que nada desejam e aos passos espreitam. Surdas às bobagens, sensitivas aos passos, invisíveis no caminho. Já fui dessas e de pé me encontro. Mas não me dou com os meus. Meu deus, onde caibo? Pudera ser num vaso, mas sou alta e feita de pele. E pele quer toque. E o espírito me quer leve. E eu quero que alguém me leve, pois peso. Me carregue, me leia, me componha que sou breve e vou passar. Careço deixar rastro, dizer que amo. Deixar uma carta, uma bandeira, um terreno arado.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Palavra longe que traz perto








Coisa de quem tem
Posse do ausente 

- Que escapuliu do tempo e se perdeu no espaço.

Invento presença e te acho. Te apanho, te afago e te largo.
Só pra ver se volta... se ainda te lembras do caminho.

É arriscado, por certo. Se demoras te risco. Posso.
Posso tua presença carne (ou) possuo tua ausência memória.

Qual das duas melhora?

Só sou o grande: tú e eu.
Com tú sou o meio: que há entre

E?

(Silêncio tá calado e de som só chuva e pio de anu). Dia nulo que não aponta.

Sem pontaria permaneço. Espero, esmero, tempero, sincero. Lapido questão. 

(essa...)

Frase sem resposta. Adivinho o som que vem e a volta. Brincadeira e passatempo.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Um passarinho me canta sua liberdade e ofende

Os muros que adentrei e habito são constituídos de pensamentos condensados.
As estradas que percorri correm soltas das minhas pernas.
Acho-me prisioneira da casa que arrumei. Perfumada, limpa e vazia. Como eu.
Quando voltarei às andanças e aos sorrisos não sei. Estou de mal com esta condição.
E sem ferramenta pra demolição.

Um passarinho me canta sua liberdade e me ofende. Quem me atende?

Estou há dias a chamar. Atenta a quem passa. Tenho algo a oferecer. Quem vai receber?

Angústia sim. Aspiro fumaça. Sono sinto. Motores enferrujados. Olhos embaçados.

Emergência! Cansei. Quando você chegar me acorda.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Ponto da massa

Abraço com as pernas o ponto final e deste ascendo o fio peculiar do futuro. Esperança cá tripudia do que foi: nem lembro mais. Parto do ponto final e com ele desenho a forma futura. Fundo estrutura. Miúda, cresce devagar. Vago e acho e assumo lugar. Estou ereta pro que há, de melhor. Depositório de ascenções sou. Nasci do ponto, finalmente. Já não busco, encontro. Um novo multiplica células em mim. Envolve-me em seu cordão que são linhas de traços curvos. Na próxima curva esbarro com o que há de melhor. Conta verdades o silêncio. O ponto final é começo da partitura. Sou párida-depositária das canções que suscitarão do que há de maior, no som. Ausência de é começo, preparo. Ponto da massa.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Fazer com palavras o que deus faz com cristais

















Vou andando a pé
que a fé se acostuma a voar.


Você vai dar crença que
O pé na fé costuma bailar.

É necessário devolver a fé aos ares.
Ela volta a correr por você, acrescida.
Traz outros sons. Amplifica audição.

Um banho de lua vazia e é confortável a capa-carcaça que se investe de sabedoria.

Remédio para rendição é
0 gota de pré-ocupação 

(a ação repousa nisso)
Fluir livre respiração (que é da terra por ela)
Suspende a ação, pára e alisa a ação.
Pode ser em qualquer posição.
Não importa o que se tem no bucho. Sem gazes é melhor :-)
Importa atentar palpitação do pulsar do ir do fluir e ir...


O lugar
(Tá tão longe que é íntimo.
Tá tão perto que escapa.
Tá tão sóbrio que tremula.)

É saúde no único que há.

Harmonia que é conceção:
Meio pé no passado, uma mão extensa ao futuro.
Nenhum dó no passado, nenhuma ilusão, extenso presente. 

Aqui e dentro e lá bem longe onde
Há tudo 
e que engloba o que existe e que sempre gira dentro de uma hemoglobina e aos redores.

Passeio energético por onde e onde quer que nós estejamos.


Vêm de cima e dos demais lados. Espiritual materializado é amor que te envio pronde quer que você esteja. É meu porque te dei. Recebi. Dá sentido, têm brilho e vêm por determinação. Depois do amor o mar é imenso e o céu longínguo.

Sondo outra frequência. Um fio me sendo aqui e eu, ainda senda, que quero tão longo que alcanço estrelas. Giro e circundo palavras que se jogam em teclas (ou) jorram em papéis -  que eram folhas e que viraram recipiente de reais. Talvez ajude aos demais.


Toma que é teu. 
Tomara seja novo.
Tomara, há alegria.
Sou ser de torcida. Há melhor.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Chão é céu e é meu e seu.

Chão é céu. E é meu e seu.
(Caetano Veloso)
Silêncio é simples mente ter mente livre.
É simples ser livre. Não mentes.

Ter simples a mente. Simplesmente.
Ser livre a mente. Livremente.
Ás estreitas bobagens: silêncio.
Maior é o silêncio depois de antes barulho.
Alto, estrondo. O bum e o eco do bum. Depois nada ou o som.
Nadica se fala. Cala. Olha. Caracoles.
Mais contraste!
A luz não deixa, tamanha!
Logotipo solar.
Primeiro dou-te palavras, roupas minhas. Pra.
Depois dar-lhe nudez silente.
Nem uma palavra.
Precisei antes e pra isso escrever um livro.
Que foi um derramar desconexas palavras que cirandaram.
Era preciso. Hoje é inútil. Pode estancá-lo na prateleira.
Que o que pulsa tá aqui e não se escreve. Mas se dá.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Era paz o acorde cosmonauta

Uma Senhora Mangueira e o Anu
Lua cheia em capricórnio.
Lua vazia por quase todo o dia.
Bicicleta convidativa.
Rodagem pra ver o que realmente há
por essas bandas:
Nenhuma briga, nada de plástico. Poluição?
No sonoro só silêncio, mugido, cânticos.
No terreno só barro, terra e areia.
Haviam pedras, relinchos.
Algum humano, muitos cavalos. Foi o que vi.
Nessas bandas. Nada extinto. Nada escasso.
Tinha anu, pica-pau, gaviões.
Coruja vi não, mas há.
Muitos ruminantes me viram.
Nada vi do que passou na TV.
Vi distinto do que diziam os vizinhos.
Nenhum grito. Tanta cerca.
Não sei o nome dessa banda de cá.
Uma placa dizia: Saudade. Era planeta terra.
Isso sei. Bebi na fonte.
Tinha pouca gente aqui. Uma acolá. Dei aceno, recebi sorriso.
Não tinha nada: tinha o só, a bicicleta, garrafa d´água, câmera GE e o aceno do planeta em mim.
Tava feita de azul e de verde. De uma flor aqui, doutra ali.
O lago era o olho do chão: via céu. A árvore plantada balança.
Uma sombra convida amor. Vento cantava.
Por aqui ninguém corre. Urubus quase dão bom dia.
Era terra, era dia. Lua ainda vinha.
Era o todo possível. Tudo concedido estava. Àquela hora, desde sempre, ainda agora.
Agorinha mesmo até.
Tem mesmo alguém querendo me enganar. Não é feito de real. Matéria monstro.
Mas, escuta só: foi só bandear por aí pra modo de despertar e de rememorar que tudo está perfeito, no seu lugar. Aves não disputam o espaço ar. Na banda de cá toca o que há de maior. 
Acorde!
Há ruído aí? Sonoro poluído? Disputa territorial? Índios afiando setas? Desconheço...
Acordei!
Tô acordada pro acorde cosmonauta composto em paz, de aves e muita cor em escala. Subo escada no horizonte verde abaixo, pra imensidão azul acima. Pelas trilhas de pó do planeta terra que não passa nessa tela que te ligas. De banda passa a boiada. Além e alheia vai passarada. Alhures.

Vou.
Vôo.
Vês?
Vens.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Buscas na fria plenitude o que tens de sobra no teu ninho

Escrever. De repente
rompe-se a solidão.
Quem vem?
Quem me acompanha?
Fique aqui comigo
você que manda e se manda...

Um galo cantou no escuro
um eco tecendo
o balão da madrugada.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Não tenho medo, tenho amor

Acabo de ver o filme
Belo Monte, anúncio de uma guerra
.


Choro muitíssimo, porque sou mulher, feita 90% do mesmo material que os rios e por isso desaguo antes de guerrear. Acho absurdo que enquanto me preocupo em salvar uma abelha que se afoga em meu copo de suco, dezenas de sei lá por qual nome chamar se ocupam com a extinção da vida e sua consequente perpetuação de sofrimentos.

Desculpem, detesto a ira e acredito mesmo que lutar contra um mostro dá-me grande chance de grande mostro me tornar. Por isso antes de minha seta afiar rogo, rezo, grito meu mais alto berro, ajoelho, olho pro céu, peço esclarecimento. Socorro! Certeza que o divino precisa interceder. E que a gente vai merecer.

Não dá mais pra ficar repetindo caso antigo, não vês as ruínas de tudo que já faliu? Estou imensamente chateada. Não sei o que faço. Lavar a louça ficou ridículo. Só choro depois disso. É que dentro de mim passa um rio e toda a liberdade que nada nele. Neles. Seja Xingu ou São Francisco. São minhas veias. Somos todos isto. Mas meu dinheiro não é esse, não como peixe podre nem quero a sua energia suja. Já fui pescador, porra! Já fui índio, merda! Não aguento mais guerrear. Que não seja preciso. Se for... Não tenho medo, tenho amor.

Fotos de Renata Marangoni


Parem 
Por favor 
Por deus
Por nós
Por tudo
Por vocês

Que assim seja. Assim será.

Oxalá amém.

Para ver o filme:
www.belomonteofilme.org/portal/br


terça-feira, 5 de junho de 2012

Histórias de vênus, vacas e formigas: pra boi.

Histórias de vênus, vacas e formigas ouvi dizer:

À deus peço nada que tudo tá já concebido.
A vaca por nós passou, na estrada que corta a floresta dos macacos. Passa vida, passa ela, rebolaaaaando sua paridez eliptical de um bezerro, numa desenvoltura corporal de desventura celestial, subindo a ladeira que é chão que levanta. Prosseguir é algo que sou e rememoro. Reminiscênte confiança, mesmo que (ainda) um olho meu humano desconfie.
(Re)Torno à vaca, à confiança.
Do sapo escuto sapiência.
Do rio das bananeiras vejo um fluir de (v) ir que sorri, assim.


Sabemos que para que uma formiga vire algo maior deve deixar de ser formiga. Pisei  numa, ao acaso.

Aos olhos infantis freiras são meras fantasias de alguém que vai ser muito feliz dançando o carvaval. Crianças já nascem esperança. Assim vejamos, sempre. Sempre vacas livres, transeuntes das estradas que servem de travessuras aos macacos e travessias para o caminhar. Detesto a palavra fronteira. Por hoje vi um homem morto, ontem
*
Vi a vaca e
A vaca viu-me.
Vi detalhadamente a vaca. 
Do rabo, às pintas, olho no olho e a lingua...
Não sei o que a vaca viu de mim. 
Vaca não fala, mas tosse sim!
Foi sem pensar que senti vontade de respirar vacamente, relax. Abri o (c)por(a)t(ç)ão e adentrei seu espaço sagrado de grande animal (podia ser uma sombra qualquer, mas nesse momento era árvore de jamelão, pintura roxa para a língua). À vontade, em distraído eStar, encostei minha face em sua barriga de manchas num respirante vem-vai. Ali repousei. 
Nem sei por quanto tempo. Nem era eu. 
Era vento. Era quente. Era feito do mesmo material que a gente.

Era a paz o acorde cosmonauta.

* Depois disso:

Pensar no que estou fazendo fica impossível quando todo o desejo de ação está destinado a seguir o rastro do sorriso que ficou. As marcas que têm o canto dos olhos que melhoraram meu ver. Ser eu, agora, é ser você, separado e associado. Ligado.

A palavra Eu modificada permanece original** (enquanto) eu estou ligado à você*** que é quando eu

Penso no que estou fazendo, desejo o que se estou fazendo e realmente faço o que está se fazendo. Presença e presente! Traga já a tua ausência pra perto da minha essência. Só assim terá existência: o amor.

Pensar no que estou fazendo só é possível quando todo o desejo de ação está desocupado de seguir o rastro dos sorrisos que dera. Ficou a marca no canto dos olhos que melhoraram os meus. Ser eu, agora, é ser você separado. Palavra eu modificada, original, ligada à palavra você enquanto eu pensar que sim. Sonho vou sempre ser, projeto. Lá vou eu atrás de você com muito amor na frente e luz no teto. Com o 

Coração atrevido, as pernas de curioso
Os olhos de bem-te-vi e o ouvido de boi manhoso


No caminho vou convivendo com adversidades. 
Com as vacas vou cruzando e delas vou melhor corporificando a associação integral. 

A runa sorteada foi Gebo (uma dádiva). Ainda vou me beliscar pra crer e ver.

Afinal, tudo pode acontecer. 
Deixa a vida acontecer.
O mundo não precisa nem saber***.

****
Escrito no dia da
passagem de vênus entre
o sol e a terra e continuado.











* Com livre inclusão, citação de:

*Oscar Quiroga  |  ** José Paes Lira  |  *** Arnaldo Antunes  |  **** Renato Teixeira