 |
Uma Senhora Mangueira e o Anu |
Lua cheia em capricórnio.
Lua
vazia por quase todo o dia.
Bicicleta convidativa.
Rodagem pra ver o que realmente há
por essas bandas:
Nenhuma briga, nada de plástico. Poluição?
No sonoro só silêncio,
mugido, cânticos.
No terreno só barro, terra e
areia.
Haviam pedras, relinchos.
Algum humano, muitos
cavalos. Foi o que vi.
Nessas bandas. Nada extinto. Nada escasso.
Tinha anu, pica-pau, gaviões.
Coruja vi não, mas há.
Muitos ruminantes me viram.
Nada vi do que passou na TV.
Vi distinto do que diziam os vizinhos.
Nenhum grito. Tanta cerca.
Não sei o nome dessa banda
de cá.
Uma placa dizia: Saudade. Era planeta terra.
Isso sei. Bebi na fonte.
Tinha pouca gente aqui. Uma acolá. Dei aceno, recebi sorriso.
Não tinha nada: tinha o só, a bicicleta, garrafa d´água, câmera GE e o aceno do planeta em mim.
Tava feita de azul e de verde. De uma flor aqui, doutra ali.
O lago era o olho do chão: via céu. A árvore plantada balança.
Uma sombra convida amor. Vento cantava.
Por aqui ninguém corre. Urubus quase dão bom dia.
Era terra, era dia. Lua ainda vinha.
Era o todo possível. Tudo concedido
estava. Àquela hora, desde sempre, ainda agora.
Agorinha mesmo até.
Tem mesmo alguém querendo me
enganar. Não é feito de real. Matéria monstro.
Mas, escuta só: foi só bandear por aí pra modo de despertar e de rememorar que
tudo está perfeito, no seu lugar. Aves não disputam o espaço ar. Na banda de cá toca o que há de maior.
Acorde!
Há
ruído aí? Sonoro poluído? Disputa territorial? Índios afiando setas? Desconheço...
Acordei!
Tô acordada pro acorde cosmonauta composto em paz, de aves e muita cor em escala. Subo escada no horizonte verde abaixo, pra imensidão azul acima. Pelas trilhas de pó do planeta terra que não passa nessa tela que te ligas. De banda passa a boiada. Além e alheia vai passarada. Alhures.
Vou.
Vôo.
Vês?
Vens.